segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Por que não, politica e religião?


Uma vez ouvi um missionário religioso dizer que a única maneira de um crente se tornar ainda mais crente é debatendo com o cético sobre o princípio criador e que este debate somente faria sentido se fosse com respeito e em alto nível, pois do contrário (se fosse para falar somente para as ovelhas), suas convicções não seriam testadas. E é com esta passagem que quero começar um pensamento:

Vivemos, politicamente, um momento delicado em nosso país. Acabamos de reeleger uma Presidente para a nossa República que, há de se constar, é a sucessora apresentada pelo Presidente anterior. Até aí, nenhum problema, uma vez que a reeleição é constitucional e que o Presidente atual tem o direito de indicar seu sucessor para o seu eleitorado, que o confirma nas urnas ou não. Mas é fato também que desde que o Brasil voltou a eleger seu governante máximo, em 1989, nunca havíamos tido um pleito com tão mínima diferença. E o que isso significa?

Significa que 51% da população está satisfeita com o atual governo ou não acredita que o seu adversário na campanha poderia governar melhor. Mas significa também 49% desta mesma população não concorda com isso, o que coloca a Presidente eleita na condição de legítima, mas não absoluta. Significa que, mais do que nunca ela está sendo vigiada de perto e recebeu o recado da população, que diz que parte significativa está contrariada com sua conduta.

A Maçonaria tem, por principio, o respeito às diferenças. Por este motivo, não discute em seus rituais e em suas sessões, temas como política e religião. Isso não significa que ela se abstêm ao que acontece por consequência destes pensamentos, principalmente quando estes prejudicam a sociedade e a liberdade que o Maçom jurou proteger. Nos momentos em que o cidadão, de um modo geral, condena as pessoas que brigam e se matam devido a torcida por um time de futebol, é um tanto quanto irracional este mesmo cidadão acreditar que tem o direito de impor seu pensamento político ou religioso sobre qualquer outro.

Nos últimos anos, temos visto cada vez mais o pedido pela tolerância das diferenças. Aceitar como iguais os diferentes é um dos princípios maçônicos já cimentado em seu chão, mas que às vezes é esquecido porque tais quadrados não tem culto e nem visão andragônica. Ter convivência social com brancos e pretos, pobres e ricos, magros e gordos, carecas e cabeludos tem a mesma importância que aceitar héteros e homossexuais, Cristãos e Judeus, Petistas ou Tucanos. A diferença está na forma com que o ser humano vê as coisas e jamais na sua essência... até porque nenhum governo é útil o suficiente se ele não tiver uma oposição para controlá-lo. 

Assim como a Maçonaria condena o racismo e a injustiça, ela condena o preconceito (pré conceito) e clama a todos os povos que se aceitem. De tal modo, o Maçom  ter manifestada a sua opinião e falar sobre política e religião é necessário, ainda que fora dos templos. A Maçonaria, institucionalmente, não toma credo e nem partido, mas o Maçom é livre para fazê-lo. Ele pode querer unir ou separar casas e territórios, mas jamais pode querer separar as pessoas.

O Uruguai já foi Brasil e o Acre um dia não foi... mas tanto os Uruguaios quanto os Acreanos certamente sempre foram, são e sempre serão nossos irmãos, independente da minha opinião ou da sua... então tenhamos cuidado com as nossas palavras, pois se o nosso piso fosse de uma só cor, ele não teria também nenhum significado místico.

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