domingo, 3 de agosto de 2014

O Bode e o Pelicano

Fachada da ARLS Barão de Jundiahy 733
Há uma grande curiosidade profana em especular sobre qual é verdadeiramente o significado do Pelicano para a Maçonaria. Aliás, com a ascendência e destaque dos Moto Clubes “Bodes do Asfalto” e “Pelicanos do Asfalto”, fica a dúvida da origem destes dois mascotes a nossa Ordem. E depois de algumas pesquisas, cheguei a um entendimento próprio, mas que dependeria de mais profundidade, já que estes estudos de origem, na maioria das vezes, remetem a mais de uma linhagem de historiadores distintos.

O simbolismo do Pelicano assenta-se sobre lendas que dizem que este animal, quando não encontra alimento para sustentar sua prole, rasga seu próprio ventre para alimentá-la com seu sangue. Outra origem poderia ser a história de um pelicano que saiu de seu ninho em busca de comida para os seus recém-nascidos filhotes e, ao retornar, encontrou apenas as suas ossadas, já que o ninho havia sido atacado por um predador. Nesta tese, o progenitor, em desespero pela tragédia, teria começado a bicar o próprio peito, fazendo verter sobre o corpo dos pequeninos o sangue que jorrava dos ferimentos que ele mesmo provocara com aquela mutilação. Aos poucos, as gotas de sangue que se espalhavam iam reconstituindo a vida dos seus filhos mortos.

Num artigo esclarecedor, o Ir.: Sérgio Burzichelli Jr. (A.R.L.S. Renascença Santista - 339) explica que “o Pelicano é uma ave de grande porte que vive nas regiões aquáticas em todos os continentes. Como possui o bico avantajado e tem, na parte inferior uma bolsa extensível e membranosa onde armazena os peixes pescados, as fêmeas alimentam os filhotes despejando as reservas acumuladas. Para esvaziá-la, comprime o peito com o bico, fato este, que teria dado a origem a essa antiga lenda, onde o pelicano abriria o próprio peito para dele extrair sua carne a fim de alimentar os filhotes”.

Já o Bode, me parece ter surgido por um caminho menos emotivo e mais do acaso. O que se sabe é que a notícia remonta do período dos apóstolos que, se dirigiam a Palestina para pregar o evangelho, quando era comum notarem o povo judaico falando ao ouvido de bodes, que são comuns naquela região. E tal procedimento era parte de um cerimonial judaico para expiação de pecados e erros, cujo povo tem o bode como confidente. Confessar erros e pecados a um bode, junto ao seu ouvido, segundo o mencionado ritual, assegura ao pecador de que os segredos de seus delitos confessados ficam guardados, tendo em vista que um bode não fala. O confessionário na Igreja Católica foi instituído anos depois, cuja instituição garante ao pecador o voto de silêncio por parte do sacerdote-confessor.

Segundo outro artigo, este do Ir.: Pedro Borges dos Anjos, (A.R.L.S. Caridade e Segredo), “perseguidos pelo governo papal do Vaticano por discordar frontalmente das instituições oficiais do seu poderoso império, muitos maçons foram presos e submetidos aos inquisidores que a todo custo buscavam arrancarem deles confissões sigilosas de domínio da Ordem. Um dos inquisidores, Chasmadoiro Roncalli, um reconhecido perverso dos quadros da Igreja, chegou a desabafar, com um superior seu que estes maçons pareciam bodes e que, por mais grave que tornasse a flagelação, não era possível lhes arrancar quaisquer palavras.”

Já no século XX, no nordeste Brasileiro, com a instalação da base aérea Norte Americana no Rio Grande do Norte, muitos nativos se indagavam com a forma de tratamento entre os militares estrangeiros. Segundo consta, muitos eram maçons e tratavam-se como brothers (irmão em inglês). Mas o povo local, que ainda não conhecia o idioma, entendia que se tratavam por “bodes”, o que teria aumentado, em nosso país, o poder da lenda. Pela minha percepção, fica claro que a lenda do Bode foi adotada de vez pela Maçonaria para gerar no profano um certo respeito ou mesmo um pequeno medo do assunto... Aos poucos, os Maçons assumiram o bode como seu "bichinho de estimação"...

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